Sexismo

Certamente algumas mulheres vão me acusar de Iuzomismo (descobri este "neologismo idiossicrático" há algum tempo e achei risível e genial, pois o radical é a expressão "iuzômi?") mas coloco, sim, dentro de um mesmo saco TODO & QUALQUER tipo de discriminação e generalização. Gênero e sexualidade são duas características comumente discriminatórias e, apesar de andarem juntas, não são iguais.,.

Assim, este é um texto básico - e sem pretenções - sobre Sexismo onde eu pretendo discorrer sobre a diferença entre alguns (pre)conceitos, e ao mesmo tempo expressar minha opinião. Opinião esta que já deixei bem clara em um texto anterior: somos todos DIFERENTES e devemos respeitar estas diferenças. E respeito é minha palavra favorita.

Em primeiro lugar, vamos deixar bem claro que: Misandria, Femismo e Feminismo são tão diferentes entre si quanto Misoginia, Machismo e Masculinismo. Estes sentimentos e convicções podem até estar presentes em uma mesma pessoa ao mesmo tempo, mas existem grandes diferenças, não só conceituais. O início do movimento Feminista, por exemplo, teve uma forte característica de ódio a tudo que remetesse ao masculino (misandria). Isto, contextualizando, era uma reação à cultura e à sociedade que colocavam - e em diversas situações ainda colocam - o gênero masculino como superior ao feminino (machismo). O que é também diferente, mesmo que de maneira sutil, do ódio ao que é feminino (misoginia). Para algumas feministas, inclusive, Misandria, Femismo e Masculinismo foram "criados" por machistas que procuravam desmerecer a luta por igualdade. E atualmente existe também o termo feminazi, para designar pejorativamente (como "iuzômi") esta postura totalitária feminina: femi(nismo)+nazi(smo). Tanto a Misandria quanto a Misoginia são a AVERSÃO a tudo o que diz respeito a um determinado gênero. É a forma mais radical do Sexismo. Para a Misoginia, todo e qualquer comportamento, característica ou indivíduo do gênero feminino é digno de ódio. Já para a Misandria, isto ocorre em relação ao gênero masculino.

Normalmente ligados a crimes de ódio, enraizados na forma mais violenta de preconceito, são raríssimos os casos de atitudes misandristas ao contrário daqueles onde a mulher é vítima de violência. A Misandria ainda se manifesta muito mais nos campos teórico e ideológico e, de forma geral, é uma resposta a toda concepção machista de sociedade que perdura desde a origem das civilizações. Deste modo, o Femismo e o Machismo seriam algo como uma prática mais branda da Misandria e da Misoginia. Nestas concepções, Mulheres (ou Homens) são consideradas superiores aos demais. Mais uma vez, exceto em situações pontuais que não podem ser sequer historicizadas, não se conhecem exemplos do Femismo como prática social, enquanto que o Machismo possui experiência milenar.

Alguns conceitos não estão ligados propriamente ao gênero, mas sim ao estereótipo e à sexualidade: Filoginia e Filandria são a admiração, o apreço, por tudo o que diz respeito ao feminino e ao masculino, respectivamente, já Androsexual e Ginosexual (termos em outras línguas cujos correspondentes mas próximos em português são Androfilia e Ginofilia) dizem respeito ao desejo sexual. E ainda existem a Ginofobia (ou Ginefobia, ou Ginecofobia) e a Androfobia, que tratam-se de condições psicológicas (neuroses fóbicas) e devem ser tratadas como tal. Ao contrário do que possa parecer, Misandria, Femismo e Filoginia não são sinônimos. Assim como Misoginia, Machismo e Filandria. 

Chegamos, então, à maior incoerência conceitual: Feminismo e Masculinismo defendem a IGUALDADE - mas cada um "fundamentado" de um lado diferente. Digamos assim, em outras palavras: um do ponto de vista do opressor e o outro do ponto de vista do oprimido. A própria bibliografia a respeito deixa transparecer um fator determinante: não há como um homem contextualizar do ponto de vista de uma mulher - e vice-versa*. Há inclusive um grande questionamento de o quanto de  cada estereótipo de gênero é espontâneo e o quanto é cultural. Sugiro que leiam Michel Foucault e Simone de Beauvoir, e também Pierre Bourdieu e Michelle Perrot (para fazer um contraponto entre os dois últimos há um texto bem interessante neste link).

Porém, a questão central do feminismo hoje não é mais a simples busca por direitos. Nas leis, no papel, muito foi conquistado - mas ainda não tudo. Ainda falta, por exemplo, o direito de decidir pelo próprio corpo. Hoje as feministas buscam o fim dos estereótipos. O fim do machismo velado, disfarçado de costumes. O fim da culpabilidade da vítima. O fim das pequenas discriminações do dia-a-dia. Dizer que nossa cultura não é machista é o mesmo que dizer que ela não é racista ou elitista. Um indivíduo homem, branco, masculino, de classe alta, não é alvo de preconceito algum.

Existem alguns exageros, como na questão linguística (perdoem-me, mas eu não consigo escrever "todxs xs amigxs"), na generalização (é tão errado dizer que TODO HOMEM É UM ESTUPRADOR, quanto TODA MULHER É UMA VADIA ou TODO NEGRO É BANDIDO ou TODO BARBUDO E CABELUDO É DESLEIXADO) e na sexualidade. Neste último caso, sempre fui um adepto da Teoria Queer. Possuímos - geneticamente falando - dois gêneros/sexos (masculino e feminino) com inúmeras nuances entre eles (diversidade, identidade, estereótipo, papel, etc.), além de diversos tipos de transgêneros. Existem homens filandristas e misóginos da mesma maneira que existem mulheres filóginas e misandristas - ou todas as combinações entre os conceitos que eu citei aqui (e outros que possivelmente não citei).

As Feministas tem afinidade com a causa LGBT mesmo tendo consciência de que existem machistas em seu meio? É possível negar que ainda exista machismo em diversos setores, como a política? Se todo homem é um estuprador, onde enquadram-se as vítimas dos andrófilos? Não existem também casos de mulheres violentadas por mulheres? Tu, quando responsável por um processo de seleção, escolherias um homem ou uma mulher com currículos absolutamente iguais e de mesma idade? Um homem pobre é menos discriminado que uma mulher rica?

Não é possível, portanto, estabelecer a sociedade e todas suas interações sociais baseada apenas na diferença anatômica. Não somos Yin OU Yang. Não somos divididos em homens OU mulheres. Assim como não somos homens versus mulheres. Temos mais de 7 bilhões de individualidades.



*Disponibilizo o espaço para
quem desejar oferecer
um contraponto
neste blog.


Leiam mais e, por favor, não se contentem somente com os links indicados abaixo. Façam suas próprias pesquisas e tirem suas próprias conclusões:

http://www.marilia.unesp.br/Home/Publicacoes/foucault_book.pdf

http://www.ufrgs.br/e-psico/subjetivacao/formacao_individuo/sexualidade-poder.pdf

http://www.spm.rs.gov.br/conteudo/7349/manual-para-o-uso-nao-sexista-da-linguagem-ja-esta-disponivel

http://www.scielo.br/pdf/soc/n21/08.pdf

https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/viewFile/10210/9437

http://blogsoubi.com/2013/12/relatos-de-um-homem-lesbico/

http://www.leticialanz.org/dicionario-transgenero/

http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/artemis/article/viewFile/2364/2068

http://sexismoemisoginia.blogspot.com.br/

http://br.avoiceformen.com/cultura-misandrica/entendendo-a-misandria/

http://mariaescandalo.blogspot.com.br/

http://scummanifesto.wordpress.com/

http://nelcisgomes.jusbrasil.com.br/artigos/114729049/misoginia-x-misandria

https://mulherescontraofeminismo.wordpress.com/

http://www.geledes.org.br/10-comportamentos-machistas-disfarcados-de-coisas-naturais-2/#axzz3L24hQU00

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