A Doce Sedução das Pernas Curtas


É... eu sempre disse que um dos meus defeitos mais graves é a sinceridade. Quem me conhece bem sabe que só pode me fazer uma pergunta se estiver preparado para a resposta. E como é difícil ser sincero. Ou melhor: como é mais fácil (prático, rápido e indolor) mentir. Não estou nem falando daquela tal "mentira aceitável" que alguém possa vir a me questionar, como para salvar a vida de alguém - principalmente a nossa. O placebo, por exemplo, é uma mentira institucionalizada. Me parece que promessas de campanha também o são. Goebbels, o Ministro da Propaganda de Hitler disse que "uma mentira dita mil vezes se torna verdade". Sem esquecer as mentiras que falamos para não sermos mal-educados.

Mas a mentira que me incomoda e é o motivo deste texto é essa do cotidiano, pra tirar pequenas vantagens pessoais ou porque, simplesmente, vai passar despercebida. É aquela bobagem de estar almoçando com uma colega de trabalho e, ao atender um telefonema da namorada, dizer que está sozinho. Ou então, quando o chefe perguntar se aquela tarefa solicitada já está pronta - e sequer foi iniciada - responder: "tá quase!".

Essas "pequenas" mentiras podem não fazer mal a mais ninguém senão a nós mesmos. Eu diria que "mentir é como andar de bicicleta". Ou então é como um vício. E o "bom" mentiroso é aquele que faz isso quase que inconscientemente. Tanto que, para falar a verdade, acaba tendo de esforçar-se.

Quando crianças ouvimos dos pais que não devemos mentir. Mas ao mesmo tempo vemos o pai pedir pra mentir que não está em casa quando toca o telefone e não quer atender. Nos primeiros anos de vida não há distinção entre fantasia e realidade. E tudo o que alguém falar ou, principalmente, fizer servirá de exemplo a ser seguido. Há um texto muito bom e de fácil leitura (mesmo sendo em português de Portugal) falando da questão psicológica da mentira em: http://www.psicologia.pt/artigos/ver_artigo.php?codigo=A0220&area=d5.

Eu sempre cito meus filhos porque ensinar é, antes de mais nada, aprender. E, invariavelmente, eles são sempre cobrados para nunca mentir. Bem como procuro mentir pra eles (e para qualquer pessoa) somente quando extremamente necessário. É claro que ninguém pode passar a vida inteira sem mentir e, no tempo certo, meus filhos serão capazes de julgar o momento em que a mentira é imprescindível. Mas que seja a exceção e não a regra.

Outras leituras recomendadas:
http://veja.abril.com.br/021002/p_094.html.

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