Amar e Deixar Amar Livremente

Sabe aquela frase que muitos já devem ter compartilhado ou curtido no Facebook? É uma frase que já vi atribuída ao John Lennon e ao Bob Marley, entre outros. Mas, como não encontrei referências precisas a nenhum dos dois (se alguém tiver, deixe um comentário), acredito que o autor seja desconhecido:
"Amo a liberdade, por isso deixo as coisas que amo livres. Se elas voltarem é porque as conquistei. Se não voltarem é porque nunca as possuí."
Pois então. Independente da autoria é uma frase bela e sábia, mas quem é capaz de aplicá-la à sua vida e, principalmente, aos seus relacionamentos? Inclusive entre os mais ferrenhos militantes anarquistas que eu conheço há os que franzem a testa ao se tratar deste assunto. Mesmo que seja fácil admitir e apregoar o fim da propriedade de coisas e das pessoas (no sentido de escravidão, servidão ou relações de trabalho), ainda parece um tanto quanto difícil quando se trata de possuir (o amor de) outra pessoa.

Este é um assunto em que cada caso deve ser tratado de maneira isolada. O que se aplica a um relacionamento não pode ser usado de parâmetro para outro. No entanto existem, para mim, 3 "pilares" nas relações interpessoais: Respeito, Afeto e Atração Sexual (ou Física).
O Respeito deve existir em toda e qualquer relação. Para meus filhos entenderem bem, escolhemos uma frase de Confúcio como sendo um conceito simplificado de respeito: "Não faça aos outros o que você não quer que seja feito a você." Mas também, em contrapartida, "não faço aos outros o que estes não fariam a mim". Parece pouco abrangente, ao se considerar todas as acepções existentes para a palavra, mas o respeito às outras pessoas é o limite da liberdade individual de cada um. É a base do convívio social. Este assunto merece um texto próprio, em breve. 
O Afeto é o sentimento que faz certas pessoas serem especiais em relação às demais. E, obviamente, também existe o Desafeto - que é o oposto. Existem 896.554.746.312.653 tipos/níveis/graduações diferentes de Afeto e Desafeto - e a cada instante surge mais. Nosso Afeto por determinadas pessoas tem tantas variáveis quantas é possível se imaginar. Muitas pessoas usariam as palavras Amor e Ódio, mas eu prefiro deixar estas para os estágios mais altos de Afeto e Desafeto. E mesmo o Amor e o Ódio tem outras tantas variáveis. 
A Atração Sexual ou Física é diretamente ligada à libido. É, pura e simplesmente, o desejo sexual por alguém.

E é da comunhão (ou intersecção) destes 3 sentimentos que se formam os relacionamentos. Eles podem coexistir, ou não. Leiam também este post do blog Amores Livres para entender melhor. Lembrando sempre que O RESPEITO É FUNDAMENTAL. Para amar, e até para odiar, eu preciso respeitar. Também para sentir atração física. Sei que parece utópico, e eu estou realmente tratando de uma situação idealizada, mas não havendo respeito pode-se dar qualquer outro nome, menos relacionamento.

Então, em um raciocínio lógico e linear: se eu tenho Atração Sexual por uma pessoa por quem eu sinta Amor, e isto seja recíproco e bilateral, ambos devemos ter Respeito por nossos desejos. Se AMBOS concordarem que a Atração Sexual por outras pessoas não deve ser reprimida, ótimo. Se AMBOS concordarem que o Amor por outras pessoas não deve ser reprimido, ótimo também. Se AMBOS concordarem com a monogamia, excelente. Se AMBOS concordarem com a poligamia, e neste caso não serão só AMBOS, mas sim TODOS, excelente também.

Na minha concepção de Amor Livre não existe traição ou infidelidade pois tudo é feito às claras e de comum acordo.  Agora, se qualquer um destes pensamentos for unilateral haverá um impasse. E este impasse só pode ser superado se AMBOS chegarem a um acordo. Não é necessário um acordo formal, mas por vezes o Amor por uma pessoa pode suplantar a Atração Sexual por outras.

A Traição não é manter ou não relação com outra(s) pessoa(s). Há quem acredite que beijo não é traição. Há quem acredite que entrar em salas de bate-papo não é traição. Há quem acredite que assistir a um filme erótico ou pornográfico não é traição. Há quem acredite que pagar por sexo não é traição. E há quem acredite que tudo isso e muito mais (ou menos) o seja. Para mim, a traição se configura quando se desrespeita o sentimento e o desejo da outra pessoa. Portanto, quem se relaciona com uma pessoa que acredita que beijo seja traição, estará traindo se beijar outra pessoa. Já quem se relaciona com uma pessoa que acredita que pagar por sexo não é traição poderá fazer isto sem estar traindo. A Traição, no meu ponto de vista, depende muito mais da outra pessoa sentir-se ou não traída. É o Respeito aos ideais da pessoa com quem se relaciona.

Por fim, entendam: AMOR LIVRE NÃO É PROMISCUIDADE. E também há uma grande diferença entre o conceito genérico de Amor Livre e outros mais restritos como Poliamor, Relacionamento Aberto, Swing, etc. Não vou ficar discorrendo muito sobre isto, pois há um texto excelente em um blog mais especializado no assunto: o Mundo Poliamoroso. Lembrem-se que eu sou contra todo e qualquer rótulo, conceito prévio ou pré-definição sobre os seres humanos e seu comportamento. Então, sou da opinião de que o amor é livre e deve deixar livre.

Vejam outros links interessantes sobre o assunto:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Amor_livre

http://cafefeminista.wordpress.com/2013/07/08/por-que-e-tao-dificil-praticar-o-amor-livre/

http://amoreslivres.wordpress.com/2013/08/25/passe-livre-e-pouco-amor-livre-ja/

http://www.arteeanarquia.xpg.com.br/do_amor_libertario.htm

http://www.homemdemello.com.br/psicologia/posse.html

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