Predestinação, Livre Arbítrio, Libertarismo, Causalidade e Determinismo. Quem escreve a História da Tua Vida?

Honestamente, eu não consigo compartilhar do (para mim estranho) desejo das pessoas em geral colocarem a cargo de uma força invisível o rumo que suas vidas podem tomar. Chamam isso de Destino. Em determinadas situações se fala em Sorte/Azar ou Fatalidade, como se todos os acontecimentos estivessem predeterminados e imutáveis. Inclusive nossas decisões.

Isto não é exclusividade da cultura ocidental, mas está intimamente ligado aos conceitos de religião. Para reduzir os questionamentos e abranger a possibilidade do pecado, do arrependimento e do perdão, em certo momento instituiu-se o conceito de Livre-Arbítrio - onde Deus nos "dá" o direito de escolha. Entretanto, em praticamente todas as religiões e mitologias existe algo abrangendo o assunto. Seja a Astrologia, a Numerologia, a Cabala, o Carma, as Moiras, as Nornas, os Oráculos, os Xamãs, os Ciganos, e tantas outras divindades ou pessoas capazes de determinar ou, ao menos, prever o futuro.

Mas o simples fato de estar tão impregnado em diferentes culturas faz disso verdade? Posso, eu, me recusar a aceitar qualquer Providência Divina sobre os acontecimentos? E, se realmente existir, devo me resignar e deixar que simplesmente aconteça o que "está escrito"?

Usando um exemplo atual: Uma mulher é estuprada e engravida. Este ato de violência foi decidido pelo estuprador ou por ALGO MAIOR? Se este Deus deu ao estuprador o Livre-Arbítrio, porque não se pode dar à mulher o mesmo direito? Ou se ESTÁ ESCRITO que esta criança deve nascer também ESTAVA ESCRITO que seria desta forma a concepção? Ou também ESTÁ ESCRITA a decisão de abortar? Se há mesmo uma ENTIDADE SUPREMA que DECIDE ANTECIPADAMENTE quem e quando se deve nascer ou morrer, a OPÇÃO de uma mulher por abortar não é um SINAL DIVINO? Afinal, está tudo predeterminado ou existe o Livre-Arbítrio? Um não exclui o outro? O Livre-Arbítrio não ELIMINA a existência desta visão de um Deus ao qual devemos respeitar a vontade?

Existem intenções boas e más, mas o bem e o mal não são absolutos e a classificação das ações pode variar conforme o ponto de vista. Tudo deve ser contextualizado. Não só por que uma ação que visa o bem pode causar o mal (é o dano colateral). Toda e qualquer ação é causa, no sentido de gerar efeito, e consequência, no sentido de ter um motivo. Mas também pode ter causa, no sentido de ser o motivo, e consequência, no sentido de ser efeito de outra ação. É um nó conceitual, eu sei, e não cabe a mim desenvolver aqui um paradoxo (e neste caso específico eu aconselho que se conheça o Paradoxo de Epicuro), mas a verdade é que algumas mitologias conseguem traduzir muito bem esta realidade, onde as divindades não são exatamente boas ou más - apenas agem conforme suas vontades e/ou necessidades.

Cada pessoa é capaz de, de acordo com sua Ética e Moral, construir sua própria História. E se toda ética e toda moral são condicionadas ao ambiente em que se vive, também as escolhas são tomadas através das oportunidades apresentadas. Não há como desejar algo que não está ao nosso alcance. Assim como não é possível tomar decisões que envolvam decisões alheias - neste caso, voltamos ao que eu já escrevi sobre criar expectativas. É como diz a sabedoria popular: "Se a vida te der limões, faça uma limonada".

Isso tudo pode até parecer um texto de auto-ajuda, mas não é. Não esqueçam o quanto eu sou pessimista. Não esqueçam que sempre se erra - e MUITO - nas decisões que se toma. Do contrário todos estariam satisfeitos sendo ricos, bonitos e - principalmente - felizes. Mas a felicidade é algo transitório e efêmero. É como ESTAR FELIZ e não SER FELIZ e eu, particularmente, prefiro colocar como SENTIR-SE FELIZ.

Por outro lado, NÃO SENTIR-SE FELIZ também é diferente de SENTIR-SE INFELIZ. A infelicidade também é transitória e efêmera, mas o ser humano tende a permanecer mais tempo infeliz do que feliz. Talvez isto ocorra porque a infelicidade se auto alimenta, enquanto que a felicidade precisa ser constantemente nutrida por fatores externos. E talvez isto seja importante para a humanidade como um todo pois, de acordo com Oscar Wilde, "a insatisfação é o primeiro passo para o progresso de um homem ou de uma nação".

O que eu quero dizer com tudo isto é que, mesmo que não seja fácil sentir-se feliz com as decisões que se toma, devemos saber que somos nós que tomamos estas decisões. Somos nós que estabelecemos, dentro das oportunidades que surgem, os rumos que nossas vidas devem seguir. Somos nós que acertamos ou erramos em nossas decisões, bem como somos nós os responsáveis pelas consequências de nossas decisões.

Sou EU que escrevo minha história, inclusive escolhendo a quais fatos e personagens devo dar maior ou menor destaque, mas sem nunca esquecer de que o protagonista sou EU mesmo. Não existe um plano traçado PARA mim e sim POR mim. Não existe algo bom no futuro para compensar algo ruim do passado ou do presente. Coisas boas não acontecem para as pessoas boas, e sim para as pessoas que tomam as melhores decisões.


Leiam mais e, por favor, não se contentem somente com os links indicados abaixo. Façam suas próprias pesquisas e tirem suas próprias conclusões:

http://filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-sabedoria/17/artigo133470-1.asp

http://www.saocamilo-sp.br/pdf/bioethikos/68/10a17.pdf

http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro082.pdf

http://lelivros.us/book/download-como-evitar-preocupacoes-e-comecar-a-viver-dale-carnegie-epub-mobi-pdf/


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